Começar falar o que penso. Escrever aquilo que por dias maquino não é uma tarefa fácil, muito menos começá-lo.
Tentarei fazer com toda isenção, se isso for possível, tentarei colocar aquilo que sinto, penso e faço, sem rodeios ideológicos.
Ideologia, algo esquecido pela atual juventude. Não que sou mais um daqueles que culpam a ‘alienação’ da juventude como a única causa dos problemas sociais, ou até mesmo como causa preponderante, mas afirmo que esta juventude está sim sem qualquer cunho ou pudor ideológico, pois até mesmo a juventude dita politizada encontra neste estado de ‘êxtase’.
Temos alguns tipos de juventudes: a maior, a ‘massa’, é aquela juventude geração Orkut, a famosa juventude cibernética, essa juventude são aqueles que engrossam as fileiras de todas as classes sociais, que por não possuir qualquer tipo de instrução, ou até mesmo de oportunidades são maioria nas classes mais pobres de nossa sociedade. A alienação desta juventude se dá na construção de conceitos, ou melhor, na não construção deles, uma juventude que aprende desde pequena que política, sociedade, social, coletividade, democracia são coisas de ‘não interesse’ e que, portanto não deve assumir papel de destaque em sua vida. A política é algo que não os interessa, pois nunca foi interessada por eles. Isto caracteriza um “não pensamento total ideológico”.
A outra juventude é a mediana, formada principalmente por jovens da classe A da sociedade. São aqueles que afirmam seu interesse pelo país, pela justiça social, pela sociedade como um todo, mas não se envolve, pois existem pessoas para isso ou até mesmo que não acham que eles podem mudar algo. Cabe lembrar que este tipo de pensamento está presente em todas as classes, mas que predomina nas A e B da sociedade. Uma juventude fora da zona do interesse, pois entende a necessidade de participar, mas não se acham capazes, ou até mesmo se acham dignos de mais para pertencer a esta ‘classe de políticos e políticas’. A ideologia orientadora destes jovens é o que eu denominaria de o ‘pseudo-naturalista’, pois possuem vertentes do atual ambientalismo ecológico de preservação do planeta e na defesa intransigente do mundo por si só e não por algum motivo social ou até mesmo de sustentabilidade produtiva, sobre tudo este pensamento não é aberto e difuso entre esta camada de juventude.
Bom aí vem a dita minoria, os jovens ‘politizados’. Neste aspecto há outras inúmeras subdivisões, porém vou retratar algumas delas: os ‘ecos-politizados’, os ‘conscientes conscientizadores’ e os ‘participativos’. Bom, ao dividir não quero afirmar que existem apenas estas três vertentes de politização juvenil e nem que quem pertence a uma delas não pertença a outras e vice-versa, mas que estas são as principais vertentes dos ditos jovens politizados. Esta nova onda está atingindo principalmente as classes C e D que por desencanto com os antigos valores sociais, que até possuíam cunho ideológico (socialismo, anarquismo e etc..) criam novos valores, às vezes controversos e ruins, mas os criam. O grande pensamento que permeia a estes ‘novos politizados’ é o do meio ambiente, o da preservação do mundo em primeiro lugar. Isto substitui os anseios de mudança social, de justiça e igualdade de classe, por uma enganosa preservação da espécie. Percebo isto nas discussões dos grandes temas educacionais brasileiros, por exemplo, os das cotas. Existe certa unanimidade entre os estudantes de que os negros e indígenas não obtiveram historicamente as mesmas condições sociais que os brancos e que ainda há racismo e preconceito. Porém, esta mesma unanimidade, ou quase, afirma que as cotas raciais em universidades aumentariam o racismo, pois é estipular a condição de inferior do negro. Bom, nesta afirmação há uma grande, ou até mesmo estrondosa contradição, pois o ‘mesmo negro’ que não têm as mesmas condições que um branco, não tem a mesma escola, qualidade de ensino e que ainda sofre preconceito é o mesmo que não é inferior ao branco? Esta é prova concreta da falta ideológica na juventude. Não pretendo fazer aqui juízo de valor, ou até mesmo julgar opiniões alheias, mas não é cabível que tenhamos o mesmo discurso ou fala que sempre fomos contra. Temos que entender o que é a tal política afirmativa de cotas para depois debatê-la. 1° ela não é eterna, tem duração. 2° ela não se baseia no discurso de que o negro é inferior, mas de que ele sempre foi tratado com inferioridade e por isto hoje não possui as mesmas condições que um branco e que, portanto há a necessidade de uma determinada desigualdade nas condições para equalizar numa balança histórica.
Este é um exemplo do cunho ideológico desta nova politização, mas dando prosseguimento ao pensamento vejamos quais são as principais diferenças políticas desta nova juventude politizada:
Os ecos-politizados: estes são aqueles que entraram na moda. Defendem intransigentemente o ecossistema, os animais, as matas, os biomas e que isto está acima do próprio ser humano que sempre o degradou. Diria, são os “ecos-chatos”. São radicais, vegetarianos, naturalóides e xiitas ambientais. Mas deixando a piada de lado, estes nos ensinam como pode ser harmoniosa a coexistência da humanidade com qualquer outra espécie de seres vivos.
Os conscientes conscientizadores: estes eu já tive drásticas experiências, são aqueles que vivem com novos projetos, com idéias revolucionárias, os hiper democráticos, acreditam serem os melhores. Mas não conseguem executar nada do que se propõe a fazer por ter pouca legitimidade dos pares, por não ter propostas consistentes e acabar no campo das idéias. São os “contra o sistema”, colocam a culpa de tudo no sistema, e não vêem que eles também fazem parte deste sistema. São em sua maioria os neo-anarquistas.
Os participativos: estes são aqueles que reconhecem a importância da participação ao extremo, porém participam, participam, mas nunca contribuem efetivamente para alguma mudança. Não tem muitas idéias inovadoras, vivem propondo espaço de participação, mas nunca os ocupam.
Mas, como diria o cantor: “caminhando e cantando com braços dados ou não.”. Nem sempre as pessoas estarão unidas em um só propósito, até porque os propósitos mudam de acordo com os interesses sociais, raciais e ambientais. Sobretudo, não quero acreditar que esta juventude plural, diferente e altiva não conceba um mundo melhor, um mundo diferente. Onde a humanidade conviva sim com os recursos naturais, mas que, sobretudo todos, todos, sem distinção de nenhum tenham as mesmas oportunidades, que os ricos e pobres possam ter as mesmas possibilidades. O termo ‘Universalização’, um termo mega ideológico, surgido no mundo do capitalismo, contrapondo o da ‘Igualdade’ surgido no socialismo, vem como uma luva nas mãos desta nova geração. A nossa geração. Somos jovens de todas as raças, classes sociais, condições culturais, mas, sobretudo somos os verdadeiros donos da história.
Não podemos permitir que poucas famílias definam como temos que nos comunicar, vamos revolucionar na Conferência de Comunicação e dizer fim ao monopólio de produzir e reproduzir mídia.
Não podemos dizer que o problema educacional é culpa exclusiva dos estudantes ou professores, mas, afirmar que a responsabilidade foi do Estado, dos governos que sem qualquer sensibilidade ou competência administraram o processo educacional no Brasil, causando uma discrepância entre ensino público e privado. Por isso vamos balançar as estruturas da Conferência Nacional de Educação.
Não podemos pensar em algum mundo melhor enquanto crianças e adolescentes forem vítimas da violência urbana, do Estado e da família, temos que propor uma grande alternativa na construção do Plano Decenal de Defesa aos Direitos da Criança e do Adolescente. Vamos que vamos para a conferência nacional DCA.
Fazer política não é apenas ter um pensamento consciente da sociedade e do mundo, ou até mesmo apenas participar, fazer política é crer, é viver, é amar, é sonhar, é estar junto, é criar possibilidades, inventar soluções e, sobretudo, ser humildes para entender que os outros podem fazer muito mais.
Eu os amo.
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