Reproduzo, a seguir, trecho da reportagem de Leandro Fortes, na CartaCapital de 20 de novembro de 2008. O repórter (o mesmo que teve sua fala censurada na TV Câmara, ao criticar o presidente do Supremo) mostrou que Diamantino (MT), terra natal de Gilmar "está na mídia" Mendes, é município controlado com mão de ferro pela oligarquia Mendes.
Leiam esse trecho da reportagem:
"Em 14 de setembro de 2000, na reta final da campanha eleitoral, a estudante Andréa Paula Pedroso Wonsoski foi à delegacia da cidade para fazer um boletim de ocorrência. Ao delegado Aldo Silva da Costa, Andréa contou, assustada, ter sido repreendida pelo então candidato do PPS, Chico Mendes [irmão de Giilmar - nota do 'Escrevinhador"], sob a acusação de tê-lo traído ao supostamente denunciar uma troca de cestas básicas por votos, ao vivo, em uma emissora de rádio da cidade. A jovem, de apenas 19 anos, trabalhava como cabo eleitoral do candidato, ao lado de uma irmã, Ana Paula Wonsoski, de 24 – esta, sim, responsável pela denúncia.
Ao tentar explicar o mal-entendido a Chico Mendes, em um comício realizado um dia antes, 13 de setembro, conforme o registro policial, alegou ter sido abordada por gente do grupo do candidato e avisada: “Tome cuidado”. Em 17 de outubro do mesmo ano, 32 dias depois de ter feito o BO, Andréa Wonsoski resolveu participar de um protesto político.
Ela e mais um grupo de estudantes foram para a frente do Fórum de Diamantino manifestar contra o abuso de poder econômico nas eleições municipais. A passeata prevista acabou por não ocorrer e Andréa, então, avisou a uma amiga, Silvana de Pino, de 23 anos, que iria tentar pegar uma carona para voltar para casa, por volta das 19 horas. Naquela noite, a estudante desapareceu e nunca mais foi vista. Três anos depois, em outubro de 2003, uma ossada foi encontrada por três trabalhadores rurais, enterrada às margens de uma avenida, a 5 quilômetros do centro da cidade. Era Andréa Wonsoski."
O ministro Joaquim "estou nas ruas" Barbosa deve ser leitor de CartaCapital. É o que conclui Mino Carta, diretor da revista, no editorial desta semana (29 de abril de 2009).
A afirmação de Mino faz todo sentido. No bate-boca com Gilmar "está na mídia" Mendes, Barbosa fez referências aos "capangas de Mato Grosso". Que capangas são esses? Os mesmos que mataram Andréa Wonsoski? Estou apenas "testando hipóteses"...
Ninguém estranhou a afirmação de Joaquim Barbosa ao falar em capangas? Nenhuma publicação foi atrás do ministro a interpelá-lo: "ministro, que capangas são esses"? Claro que não. O mundo jornalístico havia tomado conhecimento da reportagem de CartaCapital, de novembro/2008. Mas ignorou solenemente.
Agora, diante do "escândalo" no plenário do STF, nenhum jornal ou revista de grande (?) circulação mandou repórter até Diamantino, para entender o que Barbosa quis dizer ao falar em "capangas"? Evidentemente que não. Estão todos preocupados em colher depoimentos de "juristas", para demonstrar que Joaquim Barbosa "faltou às tradições" de cordialidade do Supremo Tribuna Federal.
A reportagem de CartaCapital, de novembro de 2008, merece ser lida, relida, reproduzida pela internet - http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=2689.
Da chamada "grande imprensa", podemos esperar apenas o tradicional "silêncio ensurdecedor" - como diz o próprio Mino. Mas ela já não manda no país.
Há um novo "movimento tenentista" (a expressão é de Luís Nassif), furando o cerco da imprensa oligárquica. Dele fazem parte procuradores, delegados (afastados ou não de suas funções), cidadãos comuns, além de centenas de blogueiros que já não dependem dos barões da mídia para fazer a informação circular pelo país.
Capangas matam gente, mas não impedem a verdade de circular.
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