Fred Mendes
São Paulo - Promovido pela Fundação Perseu Abramo e pela Jean Jaurès Fondation da França, seminário realizado nesta quinta e sexta discute discriminação e luta pela igualdade racial na América Latina e na Europa.
Nesta quinta, houve abertura com o presidente da Perseu Abramo, Nilmário Miranda e com a representante da Jean Jaurès na América Latina, Susana Delbo. Nilmário lembrou os espaços de interlocução construídos pelo governo Lula: “O presidente instituiu novas formas de defesa dos direitos humanos,instituindo a secretaria de mulheres, igualdade racial e juventude”, comenta. Para ele, espaços de diálogo sobre temáticas ainda cheias de tabus são fundamentais. “Além disso, o governo Lula abriu espaço para os movimentos sociais e LGBT, possibilitando que estes movimentos tenham voz através das Conferência Nacionais, Conselhos e oportunidades de construção da cidadania através de políticas públicas que respeitem suas especificidades”, afirma o presidente da FPA.
A mesa de abertura, mediada pelo jovem Fabrício Paz, coordenador da juventude Negra do PT de São Paulo, recebeu como expositores a professora da Faculdade Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESP, drª Maria Palmira, psicóloga social e militante do Movimento Negro e o pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas, Jean Jacques Kourliands
ki. Em suas falas, os expositores explanaram sobre o histórico de lutas dos movimentos sociais de combate ao racismo e as variantes do preconceito existentes tanto na França quanto no Brasil.
Na segunda mesa, já à tarde, coordenada pela Secretária Nacional de Combate ao Racismo, Cida Abreu, contou com a presença da deputada por Paris na Assembléia Nacional Francesa, George Pau- Langevin, pelo sociólogo e professor da Universidade Federal de São Carlos, Valter Silvério e pelo ministro-chefe da Secretaria Nacional de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR, Edson Santos.
O ministro Edson Santos, reiterou em sua fala o compromisso do governo com as políticas afirmativas. “Existem setores no Congresso que não querem as cotas. A direita expressa isto impetrando ações no STF contra a lei de cotas apoiada por nós, por exemplo”, afirma. Ele lembrou que a todo o momento o governo Lula se abriu para dialogar e construir políticas públicas que afirmassem a diversidade e defendessem a cultura e os direitos humanos de todos os brasileiros.
A deputada George apontou a necessidade de defesa irrestrita dos direitos humanos da população negra, em especial, dos descendentes ou migrantes dos países do norte da África. “O maior tipo de preconceito, latente na sociedade francesa é com os negros vindos ou descendentes de imigrantes dos países do norte da África”, comenta. Para a deputada, o preconceito na França, está principalmente ligado a este grupo étnico em função de sua religião –
Encontro conta com a participação indígena.
Engana-se quem pensa que o Encontro pretendeu discutir apenas a igualdade pela ótica da Comunidade Negra. O encontro Brasil-França trouxe luz a uma perspectiva muito debatida nos últimos dias no Brasil: a situação indígena no país.
Militantes dos povos da floresta do Amapá, brasileiros índios de tribos que não têm o português como língua oficial denunciaram a truculência do exército francês nas Guianas e a falta de cordialidade e respeito aos direitos humanos das populações indígenas do norte do país. “Quem inventou as fronteiras nacionais não foi nosso povo. Hoje, por causa da política dos europeus que aqui chegaram, dizimaram nosso povo e roubaram nossa terra somos impedidos de ver nossa família do outro lado da fronteira porque lá não é território brasileiro”, afirma Rouse, representante do povo indígena do Amapá.
O Seminário continua com muitas atividades e estenderá seus debates no acampamento da juventude, em Guarulhos, onde a JN13 realizará se V Seminário.
Fred Mendes é Coordenador de Comunicação da JPT-MG
Nenhum comentário:
Postar um comentário